terça-feira, 17 de agosto de 2010

Inveja

Alto, forte, popular. Namorava a garota mais bela do colégio. Era o melhor jogador do time de vôlei. Todos queriam ser seus amigos. Era o orgulho de seus pais e até de seus professores. Sua vida era maravilhosa, ouso até dizer que era perfeita. Tinha tudo o que se podia querer. Sim, tinha tudo o que a vontade poderia pensar, tudo que o OUTRO desejava.

O PRIMEIRO, um Apolo da atualidade. O OUTRO, seu completo oposto. Enquanto as luzes brilhavam sobre aquele, este viva nas sombras. Esportes não eram seu forte, muito menos suas notas o eram. Introvertido, feio e sem amigos, estava sempre sozinho. Além disso, seus pais escolheram o PRIMEIRO como o filho favorito. Sim, eram irmãos, mais especificamente, irmãos gêmeos.

Não suficiente, existia algo que o OUTRO invejava ainda mais. Não bastantes eram as adversidades que lhe cabiam. O seu amor, aquela cuja existência lhe extasiava, estava nos braços de seu nêmesis.

Meses se passaram e o OUTRO resolveu tomar uma decisão. Não seria mais como era. Seria igual ao PRIMEIRO. Na verdade, ele seria o PRIMEIRO. Era então a noite da formatura. Nesta noite todos iriam olhar pra ele. Suas atenções se focariam nele.

Todos esperavam o PRIMEIRO, já que era o orador da turma, então ele entrou. Eram suas roupas, seu rosto, suas feições. Mas algo não estava no lugar. Havia algo de diferente. Sim, algo estava fora do lugar; suas sobrancelhas. O OUTRO não tinha percebido. Suas dimensões eram menores que as de seu irmão. Por isso, ao subir ao púlpito vestindo a pele do PRIMEIRO, não percebeu que as sobrancelhas estavam um pouco caídas.

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